13.6.07

Consumo e práticas culturais



Acerca do livro de Pierre Bourdieu sobre o Gosto Cultural

A transgressão proposta por Pierre Bourdieu é abolir uma fronteira entre cultura legítima para descobrir a teia de relações inteligíveis que unem as escolhas em matérias que aparentemente não têm nada a ver umas com as outras, tal como as preferências em matéria de música e culinária ou pintura e desporto.

Em “La distintion, la critique social du jugement”, o que materializa a grande preocupação do autor é saber como os sistemas culturais de bens aprendidos e os modos de consumir esses bens variam segundo as diferentes categorias dos agentes e também segundo os domínios culturais específicos a que se aplicam.

Bourdieu encontra um elo entre as praticas culturais, o capital escolar e a origem social. O capital escolar é uma das categorias de Pierre Bourdieu no capital cultural.

Os três estados do capital cultural

O capital cultural pode existir por três formas:

1 – No estado incorporado
2 – No estado objectivado (quadros, livros, máquinas, instrumentos, etc.)
3 – No estado institucionalizado (títulos académicos)

A alquimia cultural institui o capital pela magia colectiva. Isto é: assume propriedades institucionais comparando os títulos e estabelecendo taxas de conversão económica.

As três modalidades da existência do capital cultural.

Apesar do ênfase no estado institucional, Pierre Bourdieu sublinha que não podemos esquecer o estado incorporado e, por isso Bourdieu aponta aos processos como o capital social se incorpora, sublinhando que a aquisição do capital escolar não se cinge ao tempo de aquisição. Temos de associar a educação familiar e o capital na família de origem.

A distribuição de capital cultural pelas famílias é uma teia complexa que radica no capital cultural acumulado na família de origem e que reproduz a estrutura do capital cultural quando este é tomado como capital de referência. Mas os percursos pessoais académicos também podem produzir mais ou menos qualificações. Deste modo, a incorporação de capital cultural é um conjunto de predisposições para um sentido.

Há uma relação dialéctica entre o capital cultural incorporado e o capital cultural objectivado. Se é verdade que no estado objectivado o capital cultural não pode ser apropriado por inteiro, por um conjunto de agentes, ele uma vez incorporado e apropriado de forma de forma material e simbólica, transforma-se em ‘armas’ que dão benefícios aos agentes.

Assim, o capital cultural sem a forma incorporada não faz sentido, pelo que o essencial não é tanto a apropriação de capital cultural, mas antes um jogo de apropriação de capital simbólico. O capital cultural incorporado é um poder. Um poder de descodificação e decifração de bens. A decifração do capital cultural estabelece uma correlação entre o capital escolar e as classes sociais.

As notas escolares não são apenas avaliações do saber, são também medidas da nossa distância na apropriação de saber. Por um lado, o capital cultural institucionalizado, por outro o capital incorporado.

Nas categorias de cultura há duas categorias fundamentais: Professores e Alunos. São eles, juntamente com os Mediadores Culturais que decifram e estabelecem as taxas de conversão do capital cultural.

Criticas a Pierre Bourdieu

O capital cultural começa em zero e não tem limite. Como outro capital corre-se o risco de pensar em acumulação e exclusão. O princípio fundamental é o de posse e não posse de capital cultural. Ora significa que as pessoas sem capital cultural seriam sempre dominadas, porque não têm esse capital.

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