13.6.07

Uniformização à escala global



Somos levados a pensar que a padronização cultural conduz a produtos uniformizados. Não é bem assim. As indústrias culturais, porque não podem ignorar novos meios de difusão como a Internet, tendem a desenvolver uma oferta cultural multiforme, suscitando culturas variadas.

A verdade é que as indústrias culturais se organizam em lógicas de concorrência, disputando públicos. Ora, essa concorrência suscita lógicas de inovação cultural. Mesmo a produção mediática não impede a reciclagem cultural através da atribuição de novos significados e desenvolvendo reportórios simbólicos alternativos, dentro de certos limites (esta relação não tem que ser politizada).
Houve uma expansão dentro das indústrias culturais, associada a uma lógica de concorrência. A inovação cultural leva os actores a desenvolverem estratégias de inovação que associada à concorrência produz objectos artísticos diversificados, a par de um poder padronizador. As indústrias culturais também não pertencem a um sistema único, antes diferenciam-se de acordo com cada uma das indústrias culturais.

Todas estas influências têm um efeito à medida da dependência económica. Os que dependem ais da difusão do que da produção são mais sensíveis a esta lógica. No caso do cinema, observa-se uma progressiva integração resultante dos custos de promoção dos filmes (muito maiores que a produção). Temos de observar as diferentes indústrias culturais para perceber as diferenças entre elas. Umas privilegiam mais a produção e são mais sensíveis ao capital, outras a distribuição e mais dependentes do público.

No caso da TV é diferente. Não vende produtos, mas sim publicidade (no caso da TV comercial) assim a sua oferta converge para combinar audiência de potenciais consumidores e os produtos que vão atrair os consumidores desejados. Mas na TV as audiências minoritárias podem constituir audiência a que se deve dar atenção. Isto é mais evidente nos canais temáticos.

Na música ainda é mais curioso, porque é muito sensível ao efeito geracional e acompanha os gostos dos adolescentes imprimindo à indústria cultural uma constante renovação da cultura. Favorece a inovação porque ao contrário da indústria cinematográfica os custos são mais reduzidos.

Deste modo, falar de indústrias culturais não é falar de uniformização. Há lógicas de concorrência e as diferentes indústrias têm particularidades diversas. Já a afirmação de culturas específicas ou culturas regionais resultam de uma relação de poder: poder dos media para modificar gostos ou poder de tornar a produção regional residual e periférica.

Sem comentários: