12.6.07

Politicas Culturais

A sociologia em França tem sido chamada a participar nas politicas culturais. A ideia de politica cultural coincide com a criação do ministério dos assuntos culturais em 1959 (André Malraux) quando se instalam uma série de princípios, reportórios e departamentos que institucionalizam a política cultural e que ainda hoje se mantêm bem vivos.

A concepção de politicas culturais do estado, desenvolvida por André Malraux, quer através da prática (pelo delineamento burocrático), quer ideologia (em resultado das opções seguidas) encontrou três oposições:

- Educação Nacional
- Belas Artes (cânone das belas artes francesas)
- Educação Popular

Malraux faz convergir duas tendências: por um lado a critica ao ensino artístico e por outro, a reivindicação de que o povo teria direito à cultura, contra a cultura de elites.
Simultaneamente é dado impulso aos novos artistas da modernidade estética e da vanguarda artística. Malraux aproxima ainda o ministério de certos temas das elites modernizadoras da sociedade francesa, deste modo protagonizando a modernização da sociedade. Com esta associação o ministro atribui ao estado o papel de locomotiva da sociedade francesa.

A politica cultural definiu-se como uma ideia de reformadores contra o cânone e contra as instituições existentes e que prolongavam a influencia das elites. Malraux protagonizou assim o combate contra a rigidez e o imobilismo da sociedade francesa dos anos 50.

As oposições conceptuais de Malraux

Cultura versus Educação
Modernidade versus Tradição
Cultura versus Diversão

As políticas culturais do estado que visavam combater o conformismo artístico, tinham gerado um novo conformismo ao substituir os tradicionalistas pelos modernistas. As políticas culturais acabaram por se resumir ao financiamento dos serviços.

André Malraux retoma a noção de alienação dos marxistas à cultura de massas. Mas com o passar dos anos, a critica ao entretenimento passou para critica ao entretenimento americano, traduzido numa alienação e rendição à cultura americana.

Aqui vemos a origem das retóricas identitárias e do conceito de que o estado deve contribuir para manter a identidade cultural francesa. Para isso, o estado financiou a instalação de instituições francesas no estrangeiro para manter a presença da língua e cultura francesa. Falharam.

Em Portugal só nos anos 80 é que se formam politicas culturais, seguindo o modelo francês. Até 1944 o equivalente às politicas da cultura eram da competência do Secretariado da Propaganda Nacional, depois essas competências passam para o SNI, mas continuam a sustentar-se na propaganda da cultura oficial do regime, enquanto que as artes estão na dependência do ministério da educação.

Em 1974 a cultura autonomiza-se. Criam-se campanhas de alfabetização e de divulgação cultural. Todavia, estas campanhas são alvo de criticas porque não respeitam as culturas regionais. É uma relação de centro para a periferia.

No governo de Maria de Lurdes Pintasilgo aparece uma definição de cultura que ocupa lugar no programa do governo. Nessa altura cria-se o primeiro ministério dos assuntos culturais e da ciência. As políticas culturais de então visam democratizar o acesso aos bens culturais, a preservação do património, preservação da identidade nacional e de identidades culturais. A política cultural nacional, a partir dos anos 80 passa a apoiar a divulgação da língua portuguesa.

Quando Manuel Maria Carrilho chega a ministro da cultura a tendência europeia é já de desestatização, porém esse não é o caminho seguido pelo governo português.

Para a sociologia as politica culturais são um aspecto de objectivação sociológica.

Sem comentários: