12.6.07

Mediadores e Militantes culturais

Mediadores e Militantes culturais

Mediadores culturais

Qualquer mediação gera uma ideologia.

Os professores são os principais mediadores culturais. Eles representam os fundamentos da ideologia escolar quando um deles não está de acordo com a ideologia é considerado um mau professor pelos seus pares.

Quer devido à linguagem, quer devido aos esquemas catalizadores, distinguimos duas categorias de cultura tecnocrática. O espírito do mediador formatado numa lógica tecnocrática tende a pecar pelo etnocentrismo.

Militantes culturais

São uma espécie de outro género. Ao contrário do intermediário cultural, os militantes chegam à acção na maior parte dos casos, através de um percurso escolar. Os militantes provêm de áreas de formação específica e representam as atitudes e o ‘ethos’ das populações onde vivem. É portanto na popularidade da cultura que fundamentam o seu apoio.

Enquanto que os intermediários representam os tecnocratas, os militantes identificam-se com o grupo. Eles acreditam que representam a população onde pretendem actuar. a ilusão do militantismo cultural e a do militantismo politico é emprestar os valores, interesses e motivações que eles próprios transportam com o seu voluntarismo, enquanto que os mediadores negligenciam as áreas e as populações onde actuam.

A democratização da cultura depende democratização cultural.

Por um lado estes profissionais (e também amadores) vão gerar novas clientelas da cultura, constituindo eles próprios parte dessa clientela.

Por mais banal que seja, um objecto pode adquirir um valor cultural. Mas, ao mesmo tempo a cultura enfatiza uma separação entre a arte e a vida quotidiana. Deste modo é importante diferenciar entre “estética do quotidiano” e “estetização do quotidiano” pela qual as vanguardas artísticas se bateram do sec 20.

Nessa altura proclamava-se o fim da oposição entre arte e vida quotidiana, defendendo-se o valor artístico da arte industrial. O objecto passava a ter valor artístico quando o artista diz que assim é. Alguns artistas defendiam novos critérios culturais e diziam que a morte da cultura académica estava anunciada. Agiam e actuavam contra o cânone universitário. É uma estetização alicerçada numa componente de consumo em função da democratização e como um princípio boémio do controlar das emoções. A propagação deste ‘ethos’ foi veiculada por intermediários sociais ligados às indústrias culturais e mediáticas.

Os novos mediadores culturais estão associados aos media e, por isso podem acrescentar valor à sua mensagem. Estes intermediários culturais têm sido ajudados pela forte ligação entre cultura e tempos livres. Esta combinatória tem a sua consequência: a cultura é do domínio do ócio e não do negócio. A cultura como diversão e da forma de apresentação do eu, que entronca nos valores culturais da moda, publicidade, prazer.

A estetização do quotidiano tornou mais difícil saber o que é e o que não é cultura, tornando as velhas fronteiras obsoletas. Conhecer a cultura é saber como é que certas concepções vingaram e detrimento de outras. Este processo não é uni-direccional e, ao ser transmitido é modificado. Um processo descrito por Goffman no estudo sobre as imagens publicitárias.

A publicidade utiliza o ritual do quotidiano exagerando as convenções pelas quais os nossos rituais quotidianos se regem. Os consumidores reagem às imagens e manipulam-nas, produzindo novos significados, e por isso produzindo novas imagens. Mas produtores e realizadores não estão no mesmo nível e estão ambos submetidos à lógica da realidade económica.

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