12.2.07

Génese do conceito de cultura

O conceito de cultura teve a sua origem em França, no século 18, partindo do conceito agrícola para designar a acção de alteração através do cultivo. Tem, portanto um significado metafórico e pretendia designar a acção de cultivar o espírito.
Era concebido como algo universal e cumulativo, rumo a uma cultura una. Neste sentido era oposto à natureza. Natural era a ausência de cultura.
Resulta do pensamento iluminista.
Cultura e civilização eram praticamente sinónimas.
Tal como na cultura, a civilização era una, com vários estágios e por isso universal.
Esta teoria parte de um ponto (natureza) para outro (civilização avançada) com os povos em vários pontos desse percurso.

Kultur – variação do conceito de cultura.

Ao contrário do que acontecia em França, a burguesia e a aristocracia não mantêm na Alemanha laços estreitos. A nobreza está relativamente isolada das camadas sociais intermédias e as cortes principescas são muito fechadas.
Isso cria ressentimento entre os burgueses que, para se diferenciarem dos valores “corteses” que aos seus olhos são superficiais, vão opor valores “espirituais”, baseados na ciência, arte, filosofia e também na religião, para eles, os valores autênticos.
Desta forma, “cultura” passou a significar “saber”, enquanto que “civilização” representava “fazer” e relacionava-se com os hábitos da aristocracia.
A partir do século 19 a noção de Kultur tende, cada vez mais para se delimitar e consolidar nas diferenças nacionais. Trata-se assim de uma noção particularista que se opõe à noção francesa universalista de “civilização”.

Os nacionalismos
A cultura surge, na Alemanha, como um conjunto de conquistas artísticas, intelectuais e morais que constituem o património de uma nação. Estas conquistas não devem ser confundidas com as realizações técnicas, ligadas a um racionalismo sem alma.
É no final do século 18 que surgem os nacionalismos e com eles a hierarquização das culturas, sendo que a cultura alemã seria a mais desenvolvida e, por isso estaria no topo da hierarquia. Por exemplo: a burguesia alemã rejeita o francês falado na corte.
O esforço visando definir o “carácter alemão” não se resume apenas à originalidade da sua cultura, mas também à superioridade da cultura alemã.
Certos ideólogos concluem a existência de uma missão específica do povo alemão em relação à humanidade.

O conceito cientifico de cultura

Para os etnólogos o conceito de “cultura” não tem um sentido normativo, mas antes, um conteúdo puramente descritivo. Já não se trata de dizer o que a cultura deve ser, mas aquilo que ela é, tal como se manifesta nas sociedades humanas.
Cultura ou civilização para Taylor (antropólogo britânico) “é todo o complexo que compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade”.

É uma definição
a) Puramente descritiva e objectiva
b) Rompe com as definições individualistas da cultura
c) É adquirida e não revela por isso hereditariedade biológica.

Apesar desta definição, a polémica entre cultura universalista e culturas próprias de casa sociedade continua nas ciências sociais.
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Formação das representações sociais
(Excertos de Representações Sociais - Para uma psicologia social do pensamento social. Jorge Vala)
Como se formam as representações sociais?
Que factores as sustentam e estão na sua génese?
Esses factores são de duas ordens: processos sociocognitivos e factores sociais.

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