22.2.07

Organização e distribuição das diferenças sociais

Os conceitos de ORDEM, CASTA e CLASSE, são formas de representação social diferenciadas, onde são codificadas essas representações.
As formas de representação social têm interferência no modo como os indivíduos se comportam nas relações com os outros e o comportamento tem a ver com a forma como os actores sociais se relacionam entre eles.

Quando atribuímos sentido às coisas, produzimos representações sociais. Estas representações sociais evidenciam múltiplos registos de uma realidade social organizada segundo diferenças sociais. Desta forma os actores objectivam a aproximação ou o afastamento entre eles (ou se identificam ou não se identificam; ou há afinidade ou não há; ou pertencem ao mesmo grupo ou não pertencem), estabelecendo diferentes graus para mediar essa distância.
Os actores representam porque observam. E, ao observar, percepcionam essa realidade. Depois de captada, a realidade é socialmente trabalhada, sendo em seguida representada. Porém, nem todos os actores observam e representam da mesma forma esta realidade social. Há aqui uma relação directa com os atributos e trajectórias sociais (onde nascemos, o percurso social que fazemos, a mobilidade social que temos, o que lemos, etc.).
Estas diferentes formas de organizar as diferenças, seja em Ordens, Castas ou Classes, devem-se ao modo como os diferentes actores percepcionam e organizam a realidade social. Ou seja, a forma como os actores percepcionam a hierarquia das relações de poder e de autoridade, são também elas distintas nos diferentes sistemas sociais.

Sociedade de Ordens

Aparecem organizadas na idade média na Europa Ocidental. Do ponto de vista da configuração politica, as ordens tinham um peso muito forte em relação ao Estado. Toda a representação da sociedade de ordens estava organizada nas crenças, valores e ideais produzidos pela ordem, ou estado, dominante. Os seus valores predominantes eram aqueles que eram trabalhados pelo estado dominante. O critério era a linhagem, “o berço” da família. Neste sentido as relações de conjugalidade tinham uma forte tendência “endogâmica”. Assim preservavam-se as fronteiras dos “Dominantes”. Apesar de alguma mobilidade entre as classes, o seu percurso era lento, sendo necessário três gerações até o individuo ser aceite como elemento do grupo.

Sociedade de Castas

As sociedades de castas assentam na pureza religiosa. São grupos sociais fechados, com casamento endogâmicos e uma reduzidíssima mobilidade social. Nesta sociedade, os indivíduos não ascendem socialmente, mas é toda a casta que pode ascender a um nível social superior. O comportamento do indivíduo pode levá-lo a ser banido da sua casta, obrigando à criação de uma nova sub-casta a que pertencerão todos os seus descendentes.

Sociedade de Classes

O critério passou a ser o acesso à propriedade privada, dos meios de produção. A revolução industrial produziu uma profunda alteração na divisão social do trabalho, porque tornou claro, do ponto de vista social, a relação entre aqueles que trabalham e os que são detentores dos meios de produção.
A sociedade rompe com a barreira dos costumes e da tradição, porque assenta no princípio de igualdade dos cidadãos perante a lei, permitindo uma maior mobilidade geográfica e social. O critério de conjugalidade deixa de ser o único critério que enforma os projectos e as dinâmicas sociais.

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