Entender a masculinidade é, antes de tudo entender como dada sociedade construiu este conceito e a partir de que elementos colocou o macho neste ou naquele patamar.
Uma certa determinação acompanha as teses sobre o género. A assimetria entre macho e fêmea guia este modelo. Sucintamente, a assimetria nas relações entre homens e mulheres estabelece-se porque ao grupo masculino é atribuído um poder e todo um rol de qualidades que o colocam acima da sociedade e o identificam ao ideal de pessoa. Desde o inicio da humanidade que há a crença de que o corpo da mulher é uma imperfeição do corpo masculino. O órgão sexual invaginou, como marca desta incompletude. Os Iluministas por sua vez associaram a razão ao homem, e moldaram uma sociedade em que nada se diferenciava do modelo então negado, o da igreja.
Para Boudieu, a dominação masculina não necessita de justificação, estando a visão dominante expressa em provérbios discursos e poemas. É através dos corpos socializados e das práticas rituais que o passado se perpetua no longo tempo da mitologia colectiva. Para este autor a dominação masculina comporta uma dimensão simbólica, onde o dominador (o homem) consegue obter do dominado (a mulher) uma forma de adesão que não se baseia numa decisão consciente, mas sim numa subordinação imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados (a negação consciente da subordinação implicava a recusa da posição do dominado e logo, a revolta). O que acontece, de facto é que o campo da masculinidade é constantemente retroalimentado por toda a sociedade, uma vez que, até as mulheres que criam os filhos sozinhas reproduzem nestes o ideal de dominação do macho.
A dominação masculina passa pela criação de um conjunto de ideias sobre o homem e sobre a mulher no qual o primeiro estabelece sempre as regras. Se há dominação é porque, antes de tudo, há estruturas de poder que fundam e refundam constantemente esta dominação.
Daí que a homossexualidade tenha sido considerada até aos anos 90 como uma doença ou um desvio.
Bourdieu aplica o conceito de habitus no processo de subordinação do género feminino. Trata-se de uma interacção dialéctica entre os grupos socioculturais dominantes que é mantida e revista a partir de negociações e aceitação dos grupos subalternos.
Segundo Bourdieu, a dominação masculina exercida sobre as mulheres é apoiada na violência simbólica estabelecida a partir da divisão entre quem domina e quem é dominado. Isto não ocorre a partir de mecanismos conscientemente elaborados pelos homens para exercer o poder sobre as mulheres, mas a um gradual processo de “socialização do biológico e “biologização” do social”. Este é organizado a partir de categorias androcentricas, sendo expresso através de modos de falar, pensar, e de se comportar, provocando efeitos nos corpos e mentes dos indivíduos.
Bourdieu propõe ainda uma reflexão sobre o modo como o mundo é concebido e entendido, no qual a inferioridade feminina é considerada como algo “natural”. Este processo está na organização natural das coisas, fazendo parte dos esquemas de percepção dos indivíduos, do seu pensamento e da sua acção.
Esta oposição entre “ser” e “conhecer” é mediada pelo habitus, pois na medida em que os dominados compreendem o mundo a partir da relação de dominação já estabelecida socialmente, as suas formas de conhecimento serão pautadas por actos de submissão.
Os órgãos de comunicação social naturalizam este visão androcentrica do mundo construída e partilhada socialmente pelos grupos sociais. Por exemplo na publicidade, as representações das figuras femininas veiculadas, são aceites devido á sua relação com esquemas de percepção dominantes e tornadas naturais para o publico.
O que denominamos “feminilidade” é o produto de um adestramento permanente do corpo e das incessantes chamadas à ordem, entre os quais o mais importante, por ser inerte e reificado é o vestuário. As formas de vestir femininas, por mais caricaturiais e complicadas, tinham por objectivo impedir ou tornar difíceis os movimentos, adestrando assim o corpo feminino para fisicamente se diferenciar do corpo masculino.
Face a esta “violência suave, insensível invisível às suas próprias vitimas, que se exerce por vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento”, Bourdieu incita as feministas a uma luta aberta contra o estado, a escola, e os meios de comunicação social, para que possam finalmente assumir um papel original e bem definido contra todas as formas de dominação e principalmente esta “violência simbólica da dominação masculina”.
Uma certa determinação acompanha as teses sobre o género. A assimetria entre macho e fêmea guia este modelo. Sucintamente, a assimetria nas relações entre homens e mulheres estabelece-se porque ao grupo masculino é atribuído um poder e todo um rol de qualidades que o colocam acima da sociedade e o identificam ao ideal de pessoa. Desde o inicio da humanidade que há a crença de que o corpo da mulher é uma imperfeição do corpo masculino. O órgão sexual invaginou, como marca desta incompletude. Os Iluministas por sua vez associaram a razão ao homem, e moldaram uma sociedade em que nada se diferenciava do modelo então negado, o da igreja.
Para Boudieu, a dominação masculina não necessita de justificação, estando a visão dominante expressa em provérbios discursos e poemas. É através dos corpos socializados e das práticas rituais que o passado se perpetua no longo tempo da mitologia colectiva. Para este autor a dominação masculina comporta uma dimensão simbólica, onde o dominador (o homem) consegue obter do dominado (a mulher) uma forma de adesão que não se baseia numa decisão consciente, mas sim numa subordinação imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados (a negação consciente da subordinação implicava a recusa da posição do dominado e logo, a revolta). O que acontece, de facto é que o campo da masculinidade é constantemente retroalimentado por toda a sociedade, uma vez que, até as mulheres que criam os filhos sozinhas reproduzem nestes o ideal de dominação do macho.
A dominação masculina passa pela criação de um conjunto de ideias sobre o homem e sobre a mulher no qual o primeiro estabelece sempre as regras. Se há dominação é porque, antes de tudo, há estruturas de poder que fundam e refundam constantemente esta dominação.
Daí que a homossexualidade tenha sido considerada até aos anos 90 como uma doença ou um desvio.
Bourdieu aplica o conceito de habitus no processo de subordinação do género feminino. Trata-se de uma interacção dialéctica entre os grupos socioculturais dominantes que é mantida e revista a partir de negociações e aceitação dos grupos subalternos.
Segundo Bourdieu, a dominação masculina exercida sobre as mulheres é apoiada na violência simbólica estabelecida a partir da divisão entre quem domina e quem é dominado. Isto não ocorre a partir de mecanismos conscientemente elaborados pelos homens para exercer o poder sobre as mulheres, mas a um gradual processo de “socialização do biológico e “biologização” do social”. Este é organizado a partir de categorias androcentricas, sendo expresso através de modos de falar, pensar, e de se comportar, provocando efeitos nos corpos e mentes dos indivíduos.
Bourdieu propõe ainda uma reflexão sobre o modo como o mundo é concebido e entendido, no qual a inferioridade feminina é considerada como algo “natural”. Este processo está na organização natural das coisas, fazendo parte dos esquemas de percepção dos indivíduos, do seu pensamento e da sua acção.
Esta oposição entre “ser” e “conhecer” é mediada pelo habitus, pois na medida em que os dominados compreendem o mundo a partir da relação de dominação já estabelecida socialmente, as suas formas de conhecimento serão pautadas por actos de submissão.
Os órgãos de comunicação social naturalizam este visão androcentrica do mundo construída e partilhada socialmente pelos grupos sociais. Por exemplo na publicidade, as representações das figuras femininas veiculadas, são aceites devido á sua relação com esquemas de percepção dominantes e tornadas naturais para o publico.
O que denominamos “feminilidade” é o produto de um adestramento permanente do corpo e das incessantes chamadas à ordem, entre os quais o mais importante, por ser inerte e reificado é o vestuário. As formas de vestir femininas, por mais caricaturiais e complicadas, tinham por objectivo impedir ou tornar difíceis os movimentos, adestrando assim o corpo feminino para fisicamente se diferenciar do corpo masculino.
Face a esta “violência suave, insensível invisível às suas próprias vitimas, que se exerce por vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento”, Bourdieu incita as feministas a uma luta aberta contra o estado, a escola, e os meios de comunicação social, para que possam finalmente assumir um papel original e bem definido contra todas as formas de dominação e principalmente esta “violência simbólica da dominação masculina”.
3 comentários:
muito bom este resumo, Zé! bem sabia deste blog, mas estava a fazer uma pesquisa sobre o livro e vim aqui ter. Saudades!
Muito bom o blog, parabéns!!
Excelente resumo.
Adorei o blog!!!
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